quarta-feira, 6 de julho de 2011

Heráclito.

Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, superabundância-fome; mas ele assume formas variadas, do mesmo modo que o fogo, quando misturado a arômatas, é denominado segundo os perfumes de cada um deles.

 Heráclito (540-476 a.C.), outro proeminente filósofo da antiguidade, nasceu em Éfeso e foi contemporâneo de Parmênides. A obra que deixou está constituída por uma série de frases isoladas que, mais tarde, foram reconhecidas como aforismos (máximas). Essa apresentação aforismática o tornou um dos teóricos de mais difícil interpretação (não à toa, foi considerado “o obscuro”).


Mas o que se quer registrar aqui, é a posição contrária de seus pensamentos em relação aos de Parmênides. Seu logos assinala “a unidade fundamental de todas as coisas”. Essa é a novidade? Na verdade, a consideração de que a multiplicidade, “aparente” oculta a noção de unidade fundamental já está expressa há muito[1]. Mas é Heráclito o primeiro a considerar essa unidade como uma “unidade de tensões opostas”. Esta é sua grande descoberta.



[1] Anaximandro, de Mileto, século VI a. C., a fez antes de Heráclito. Para ele, “o universo seria resultado de modificações ocorridas num princípio originário ou arché. Esse princípio seria o ápeiron, que se pode traduzir por infinito e/ou ilimitado [...] o ápeiron estaria animado por um movimento eterno, que ocasionaria a separação dos pares opostos” (OS PENSADORES, 1995, p. XVI). Esse arché, interpretado de diferentes maneiras a fim de explicar a transformação em tantas e tão diferentes coisas (unidade/pluralidade), segundo as diferentes cosmogonias, mais tarde irá se traduzir na oposição entre “verdade única” e “multiplicidade” de opiniões.

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