Metodologias

Inicio um espaço para por ordem nas informações. Na verdade, para jogar a bagunça dentro das gavetas. Em metodologias pretendo concentrar aspectos relacionados, de maneira mais ampla, às epistemologias e, de modo específico, às ferramentas da produção do conhecimento. Espero que apreciem.

ANÁLISE TEMÁTICA

(SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21 ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2000).


1
DO QUÊ FALA O TEXTO?
A resposta a essa questão revela o tema ou assunto.
Em geral, o tema tem determinada estrutura: o autor está falando não de um objeto, de um fato determinado, mas de relações variadas entre vários elementos; além dessa possível estruturação, é preciso captar a perspectiva de abordagem do autor: tal perspectiva define o âmbito dentro do qual o tema é tratado, restringindo-o a limites determinados.


2
COMO O ASSUNTO ESTÁ PROBLEMATIZADO?
QUAL DIFICULDADE DEVE SER RESOLVIDA?
QUAL O PROBLEMA A SER SOLUCIONADO?
A tentativa de apreensão da mensagem leva à problematização do tema, pois não se pode falar coisa alguma a respeito de um tema se ele não se apresentar como um problema.


A formulação do problema nem sempre é clara e precisa no texto, em geral é implícita, cabendo ao leitor explicitá-la.
3
O QUE O AUTOR FALA SOBRE O TEMA?
COMO RESPONDE À DIFICULDADE, AO PROBLEMA LEVANTADO?
QUE POSIÇÃO ASSUME, QUE IDÉIA DEFENDE, O QUE QUER DEMONSTRAR?
A resposta a esta questão revela a idéia central, proposição fundamental ou tese: trata-se da idéia mestra, da idéia principal defendida pelo autor.
Em geral, nos textos logicamente estruturados, cada unidade tem sempre uma única idéia central, todas as demais idéias estão vinculadas a ela ou são apenas paralelas ou complementares. Daí a percepção de que ela representa o núcleo inteligível.
Normalmente, a tese deveria ter formulação expressa na introdução da unidade, mas isto não ocorre sempre, estando, às vezes, difusa no corpo do texto.
Na explicitação da tese deve ser usada uma proposição, uma oração, um juízo completo e nunca apenas uma expressão, como ocorre no caso do tema.
A idéia central pode ser considerada inicialmente como uma hipótese geral da unidade, pois que é justamente essa idéia que cabe à unidade demonstrar mediante o raciocínio.


4
COMO O AUTOR DEMONSTRA SUA TESE, COMO COMPROVA SUA POSÍÇÃO BÁSICA?
QUAL FOI O SEU RACIOCÍNIO, A SUA ARGUMENTAÇÃO?
É através do raciocínio que o autor expõe, passo a passo, seu pensamento e transmite sua mensagem. O raciocínio, a argumentação, é o conjunto de idéias e proposições logicamente encadeadas, mediante as quais o autor demonstra sua posição ou tese.
Estabelecer o raciocínio de uma unidade é o mesmo que reconstituir o processo lógico, segundo o qual o texto deve ter sido estruturado.

A essa altura, o que o autor quis dizer de essencial já foi apreendido. Ocorre, contudo, que os autores geralmente tocam em outros temas paralelos ao tema central, assumindo outras posições secundárias no decorrer da unidade. Essas idéias são como que intercaladas e não são indispensáveis ao raciocínio, tanto que poderiam ser até eliminadas sem truncar a seqüência lógica do texto. Associadas às idéias secundárias, de conteúdo próprio e independente, complementam o pensamento do autor: são subtemas ou subteses.
Para levantar tais idéias, basta ler o texto perguntando se a unidade ainda é questão de outros assuntos.

Resumo

Note-se que é essa análise temática que serve de base para o resumo ou síntese de um texto. Quando se pede um resumo de um texto, o que se tem em vista é a síntese das idéias do raciocínio e não a mera redução dos parágrafos.
É também esta análise que fornece as condições para se construir tecnicamente um roteiro de leitura como, por exemplo, o resumo orientador para seminários e estudo dirigido.


- -  Aplicação  - -

CONFERÊNCIA Internacional sobre o Planejamento da Educação (1968: Paris). Planejamento da educação: um levantamento mundial de problemas e perspectivas. Trad. Paulo Rogério Guimarães Esmanhoto. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1981. p. 3-13.

1.     Resumo histórico do planejamento, em geral, e do planejamento da educação, em particular.
2.     Embora o planejamento seja um processo natural das sociedades humanas e podem ser encontrados exemplos de planejamento nas mais remotas épocas, apenas, depois da Segunda Guerra Mundial é que os países passaram a se preocupar com o planejamento educacional.
PROBLEMA: falta de pessoal qualificado.
Efetivar o processo de planejamento educacional.
3.     O processo de planejamento é natural às sociedades humanas, bem como o de planejamento educacional. Entretanto, apenas após a Segunda Guerra Mundial – em virtude dos transtornos causados pelo conflito: crescentes preocupações sociais e explosão demográfica imprevista – o planejamento da educação foi adotado por um número crescente de países. A UNESCO atribui a si mesma a incumbência de promover a difusão do planejamento da educação, num prazo de dez anos, por isso, passou a organizar conferências aos Estados-membros, objetivando a tomada de decisões de considerável alcance. Foram realizadas conferências na América Latina, na Ásia, na África, nos Estados Árabes, na Europa e na América do Norte. A cooperação bilateral e multilateral teve considerável papel na expansão do planejamento educacional. A UNESCO, a fim de apoiar os Estados-membros, aperfeiçoou sua estrutura: iniciando com a criação de uma seção de planejamento educacional, em 1961, chegando, em 1967, a se consolidar em um Departamento de Planejamento e Financiamento da Educação. A ação da UNESCO iniciou no campo da pesquisa e do treinamento pessoal, em um período de incipiente metodologia do planejamento, passando a promover seminários ou estágios de estudo, para especialistas, culminando com a criação de instituições permanentes destinadas à preparação ou aperfeiçoamento de pessoal especializado e coordenação de pesquisa. A seguir, iniciou-se o processo de assessoria com cooperação técnicas aos Estados-membros. Atualmente, o planejamento da educação é uma idéia universalmente aceita e aplicada, associando-se, cada vez mais, ao desenvolvimento geral, econômico e sociocultural.
TESE: o planejamento da educação alavancou no pós-Guerra, fortemente, influenciado pelas ações da Unesco.
RESPOSTA AO PROBLEMA: Consultoria técnica da Unesco aos países-membros.
POSIÇÃO ASSUMIDA: Que a Unesco sempre se importou com o planejamento da educação.
4.     Demonstrando as ações da Unesco desde o pós-Guerra.
5.     LEVANTAR SUBTEMAS.
6.     SÍNTESE: Planejamento da Educação. O texto busca apresentar o percurso histórico do processo de planejamento da educação. Trata-se de uma reflexão histórica. Primeiramente, assinala a presença do processo de planejamento educacional como “natural” às sociedades humanas; a seguir, apresenta o histórico planejamento da educação antes e depois da Segunda Guerra Mundial; depois, apresenta as grandes conferências regionais promovidas pela Unesco; e, por fim, verticaliza a importância da Unesco na consolidação do planejamento da educação. Conclui, evidenciando que: nas épocas das grandes mudanças intelectuais e sociais surge a preocupação com o planejamento da educação; antes da Segunda Guerra, as experiências com o planejamento limitavam-se aos países socialistas e, depois, aos poucos, foi sendo incorporada pelos demais países; a Unesco promoveu o planejamento da educação em diversos países que lhe rendeu vasta experiência. Apresenta como resultados, os processos de cooperação (técnica, bilateral e multilateral) como via para o enfrentamento da falta de pessoal qualificado e, a implacável ajuda da Unesco para o fortalecimento do planejamento da educação.