quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Logos em Heráclito.

Deste logos sendo sempre os homens se tornam descompassados quer antes de ouvir que tão logo tenham ouvido; pois, tornando-se todas (as coisas) segundo esse logos, a inexperientes se assemelham embora experimentando-se em palavras e ações tais quais eu discorro segundo (a) natureza distinguindo cada (coisa) e explicando como se comporta. Aos outros homens escapa quanto fazem despertos, tal como esquecem quanto fazem dormindo.
(Fr. 1) Sexto Empírico, Contra os Matemáticos, VII, 132.
Por isso é preciso seguir o que-é-com, (isto é, o comum; pois o comum é o-que-é-com). Mas, o logos sendo o-que-é-com, vivem os homens como se tivessem uma inteligência particular.
(Fr. 2) Sexto Empírico, Contra os Matemáticos, VII, 133.
Dando ouvidos, não a mim, mas ao Logos, é avisado concordar em que todas as coisas são uma. (apud KIRK; RAVEN; SCHOFIELD, 1994, 193).
(Fr. 50) Hipólito, Refutação, IX, 9.

Heráclito ataca os homens que, em sua grande maioria, são incapazes de reconhecer esta verdade que é comum, qual seja, o logos, que pode ser interpretado como “fórmula unificadora ou método proporcionado de disposição das coisas”. Daí, relacionarem o significado de logos, em Heráclito, provavelmente, “com o sentido geral de ‘medida’, ‘cálculo’ ou ‘proporção’; não é possível que seja simplesmente a própria ‘explicação’ de Heráclito que esteja em causa [...]”; ‘fórmula’, ‘arranjo proporcionado’, dentre outros, são “termos enganadoramente abstratos para traduzirem este sentido técnico de logos”; assim, para os autores,
Por vezes, Logos foi, provavelmente, concebido por Heráclito como um verdadeiro constituinte das coisas, e, em muitos aspectos, é coextensivo com o constituinte cósmico primário, o fogo [...] (KIRK; RAVEN; SCHOFIELD, 1994, p. 194).
KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os filósofos pré-socráticos: história crítica com selecção de textos. Tradução Carlos Alberto Louro Fonseca. 4. ed. Lisboa, Portugal: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994.


OS PENSADORES originários: Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Introdução Emmanuel Carneiro Leão. Tradução Emmanuel Carneiro Leão e Sérgio Wrublewski. Petrópolis, RJ: Vozes, 1991. (Pensamento humano).

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